Comments Off

“Yom Kipur”


.

Estava procurando na internet imagens, que pudessem falar mais que qualquer palavra. Por mais incrível que pareça, não achei o que estava procurando, talvez seja pelo fato de nem eu mesma saber PELO QUE EXATAMENTE estava procurando. Geralmente, sou impaciente ao extremo, não tenho aquela capacidade de ficar horas a fio, pacientemente buscando por alguma coisa.Vai ver que é por isso que já fiz tanta bobagem. E foi exatamente por esse "pequeno" detalhe da impaciência, que decidi desligar o Pc, e tentar fazer algo mais produtivo pra minha mente, ao invés de estressá-la em frente a um computador.
Fui LER....
Li um romance (se é que pode se chamar de romance, me pareceu mais um enigma) de Clarice Lispector chamado: A paixão segundo G.H.
 É um monólogo. O enredo trata de uma mulher identificada apenas pelas iniciais G.H., que depois de demitir a empregada e tentar limpar seu quarto, relata a perda da individualidade, após ter esmagado uma barata na porta de um guarda-roupa. No dia seguinte, ela narra a própria impotência de descrever o episódio. Separei uns pedacinhos que eu gostei muito:
 A quebra do silêncio que só você escuta.
A quebra do silêncio que só, você escuta.
 "Meu grito foi tão abafado que só pelo silêncio contrastante percebi que não havia gritado.
O grito ficara me batendo dentro do peito”.
"Mas se eu gritasse uma só vez que fosse, talvez nunca mais pudesse parar. Se eu gritasse ninguém poderia fazer mais nada por mim; enquanto, se eu nunca revelar a minha carência, ninguém se assustará comigo e me ajudarão sem saber; mas só enquanto eu não assustar ninguém por ter saído dos regulamentos. Mas se souberem, assustam-se, nós que guardamos o grito em segredo inviolável. Se eu der o grito de alarme de estar viva, em mudez e dureza me arrastarão pois arrastam os que saem para fora do mundo possível, o ser excepcional é arrastado, o ser gritante."
A Paixão Segundo G.H. - Clarice Lispector. 
 Foi aí que resolvi dar uma de Sherlock Holmes. O que prendia seu grito? Timidez? Covardia? Preconceito?O medo de não conseguir calar-se?  Vergonha talvez..de ter sentido medo da barata? ou ter se sentido como  a barata (motivo de repudia para muitos ) O meu maior motivo, sempre foi o orgulho e a incerteza. Sou bastante decidida, se estivesse no lugar dela, e resolvesse, gritaria. Mas gritaria tão alto e forte pra que todos pudessem me ouvir, Pra sentir meu grito mais perto, embora gritar não resolveria meu problema. Sempre quis não ser "comum", não ser igual... me culpei por todo o tempo...deixei de agir como queria por medo, por receio que não fosse como eu imaginava. Com o tempo isso mudou, percebi que por mais que façamos tudo para "não decepcionar, ou desagradar", um dia, mesmo que sem querer, vamos fazer uma dessas duas coisas.
Nem sempre faço tudo o que querem, ás vezes, digo o que querem ouvir, não pra me sentir mais "querida" ou mais "aceita" pelas pessoas, mas porque ao longo da minha existência, fui aprendendo, que as vezes é necessário sim, falarmos "aquilo que querem ouvir", para que elas mesmas SE ACEITEM. Ás vezes canto a canção da vida alheia, e só...Parei pra pensar o quão incrível é o perdão, o fato de você perdoar alguém que te feriu, ou te fez mal, não abre espaço e nem te deixa na obrigação de criar "novos laços" ou relacionamentos, o perdão não te OBRIGA A NADA!! ao contrário.. Te permite lembrar dos fatos (claro, afinal, vc perdoou e não teve amnésia) mas não sentir mais dor, ou raiva por aquela lembrança. O mais difícil do perdão, na minha opinião, é o ato de auto perdoar-se, não sei se todo mundo já parou pra pensar sobre isso, hoje eu pensei... Ás vezes somos perdoados por aqueles a quem ferimos, mas não conseguimos nos perdoar, nos aprisionamos em um mundo cruel que só existe na nossa cabeça, por isso falei do lance da aceitação, por isso ás vezes é preciso falar aquilo que as pessoas querem ouvir..Isso não é lá muito bom, pelo menos eu acho.. Mas se é pra fazer outra pessoa feliz, que seja!!
Não faço nada por mim, poderia gritar e gritar dias e dias  por esse motivo, mas me falta algo que me dê coragem...Não que eu não tenha, me sinto corajosa o bastante. Acho que o nome certo é motivação. Não há mal nenhum em se cometer erros, ao contrário..é com eles que enfim aprendemos a não errar outra vez, ou as vezes errar de novo, qual o problema?.....O mal está em julgar e ser julgado, está no nosso espírito de superioridade, que flui em fração de segundos, quando vemos alguém que cometeu um erro, que nós "julgamos" que NUNCA COMETERÍAMOS se fosse com a gente.
Não entendo ninguém que amo, GRAÇAS A DEUS!! Se entendesse não as amaria mais, prefiro que tudo fique assim e serei bem feliz e saltitante, retardada e viajada como sempre!


AMÉM.

Comments are closed.